quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Afinal, o que (não) é desconstruir?

A pergunta norteadora do minicurso “Derrida, differénce e desconstrução” que será ministrado pela professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Carla Rodrigues, no II Seminário de Gênero, Memória e Identidade: comemoração de 15 anos do Geni, desperta curiosidade quanto ao tema da desconstrução, apesar de muitos de nós sequer termos ouvido falar sobre o tema.
Nas palavras de Derrida e Roudinesco (2004) “Desconstruir é de certo modo resistir à tirania do um, do logos, da metafísica (ocidental) na própria língua em que é enunciada, com a ajuda do próprio material deslocado, movido com fins de reconstruções cambiantes”. Desconstruir sugere um movimento revolucionário de questionar o que é dado como certo. Concebe a possibilidade de abrir espaços textuais, aparentemente fechados, e entrelaça-los ou confundi-los, se necessário.
Mas, calma, marinheiros de primeira viagem! Desconstruir não significa destruir o texto e, neste caso, não podemos perder de vista que, “tudo é texto, não há nada fora dele”!
A abordagem crítica da desconstrução de Derrida demonstra que o dualismo sustentado pelo pensamento ocidental - verdade/erro, universal/particular, homem/mulher, puro/impuro, heterossexual/homossexual – se constitui de relações que são sempre classificados hierarquicamente. Lembram-se da preeminência da mão direita? (Hertz) Pois é: um polo é sempre supervalorizado, enquanto cabe ao outro a subordinação.
Em suas investigações e críticas, Derrida cunha o termo différance para questionar qualquer lógica identitária, na medida em que demonstra como os significados e seus rastreamentos constantemente fogem e mudam sem quaisquer limites morais.
A teoria foi retomada por acadêmicos e escritores dos estudos de gênero e da corrente pós-estruturalista, que utilizaram a estratégia da différance para dar origem a novos termos que ignoram as oposições binárias em geral, porém mais incisivamente entre o feminino e o masculino. O termo apresenta bastante aceitabilidade entre grandes nomes dos estudos de gênero, prova disto é sua apropriação por Teresa de Laurentis, dirigente da revista fundadora dos estudos queer, Différences.
Além disso, o termo apresenta-se como “chave” para leituras da “diferença sexual” nos estudos de gênero. É um pisão muito show top, né gentes? Vocês ficaram com vontade de saber mais? Então, se inscreve lá no minicurso que está custando só 20 golpes. Mas, se liga que o evento está com data nova e agora será entre 20 e 22 de setembro.